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quinta-feira, 28 de agosto de 2014

CRISE DA RAZÃO I

 

1. INTRODUÇÃO

O que é a razão? Quando o ser humano começou fazer uso desta faculdade?

RAZÃO - Destacaremos primeiro que tudo, vários significados do termo razão:

1. Chama-se razão a certa faculdade atribuída ao homem e por meio da qual foi distinguido dos restantes membros da série animal. Esta faculdade é definida usualmente como uma capacidade de atingir conhecimento do universal, ou do universal e necessário, de ascender até ao reino das ideias, quer seja como essências, quer seja como valores, ou ambos. Na definição “o homem é um animal racional” o ser racional é admitido como a diferença específica.

2. Entende-se a razão como equivalente ao fundamento; a razão explica então porque é que algo é como é e não de outro modo.

3. A razão define-se às vezes como um dizer. Com frequência se supõe que este _dizer (logos) se fundamenta num modo de ser racional.

2. DESENVOLVIMENTO

Tales, O primeiro filósofo.

A filosofia grega parece começar com uma idéia absurda, com a proposição: a água é a origem e a matriz de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos nela e levá-la a sério? Sim, e por três razões: em primeiro lugar, porque essa proposição enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar, porque faz sem imagem e fabulação; e enfim, em terceiro lugar, porque nela, embora apenas em estado de crisálida, está contido o pensamento: "Tudo é um".

A razão citada em primeiro lugar deixa Tales ainda em comunidade com os religiosos e supersticiosos, a segunda o tira dessa sociedade e no-lo mostra como investigador da natureza, mas, em virtude da terceira, Tales se torna o primeiro filósofo grego- Se tivesse dito: "Da água provém a terra", teríamos apenas uma hipótese científica, falsa, mas dificilmente refutável. Mas ele foi além do científico. Ao expor essa representação de unidade através da hipótese da água, Tales não superou o estágio inferior das noções físicas da época, mas, no máximo, saltou por sobre ele.

As parcas e desordenadas observações da natureza empírica que Tales havia feito sobre a presença e as transformações da água ou, mais exatamente, do úmido, seriam o que menos permitiria ou mesmo aconselharia tão monstruosa generalização; o que o impeliu a esta foi um postulado metafísico, uma crença que tem sua origem em uma intuição mística e que encontramos em todos os filósofos, ao lado dos esforços sempre renovados para exprimi-Ia melhor - a proposição: "Tudo é um".

E notável a violência tirânica com que essa crença trata toda a empiria: exatamente em Tales se pode aprender como procedeu a filosofia, em todos os tempos, quando queria elevar-se a seu alvo magicamente atraente, transpondo as cercas da experiência.

NIETZSCHE, W. Friedrich. A filosofia na época trágica dos gregos.

Kierkegaard: razão e fé

Sören Kierkegaard (1813-1885), pensador dinamarquês, é um dos precursores do existencialismo contemporâneo. Dentre suas obras, destacamos Temor e tremor, O conceito de angústia, Migalhas filosóficas. Severo crítico da filosofia moderna, Kierkegaard afirma que desde Descartes até Hegel o ser humano não é visto como ser existente, mas como abstração - reduzido ao conhecimento objetivo - , quando na verdade a existência subjetiva, pela qual o indivíduo toma consciência de si, é irredutível ao

pensamento racional, e por isso mesmo possui valor filosófico fundamental.

A esse respeito, o professor Benedito Nunes completa: “Não se diga, porém que ela [a existência] é incognoscível. Ao contrário, dada a imediatidade, para o homem, entre ser e existir, o conhecimento que temos da existência é fundamental, prioritário. O homem se conhece a si mesmo como existente. Esse conhecimento, inseparável da experiência individual, não transforma a existência num objeto exterior ao sujeito que conhece.

Para Kierkegaard, a existência é permeada de contradições que a razão é incapaz de solucionar. Critica o sistema hegeliano por explicar o dinamismo da dialética por meio do conceito, quando deveria fazê-lo pela paixão, sem a qual o espírito não receberia o impulso para o salto qualitativo, entendido como decisão, ou seja, como ato de liberdade. Por isso é importante na filosofia de Kierkegaard a reflexão sobre a angústia que precede o ato livre.

A consciência das paixões leva o filósofo – e também teólogo - a meditar sobre a fé religiosa como estágio superior da vida espiritual. Para ele, a mais alta paixão humana é a fé. É ela que nos permite o "salto no escuro'' que é o "salto da fé". Mas ela é, também, uma paixão plena de paradoxos.

Como exemplo, o filósofo cita Abraão, personagem do Antigo Testamento que se dispõe a sacrificar o próprio filho para obedecer à ordem divina: não porque a compreendesse, mas porque tinha fé. O estágio religioso é para Kierkegaard o último de um caminho que o indivíduo pode percorrer na sua existência, sendo superior inclusive à dimensão puramente ética.

3. CONTEXTUALIZAÇÃO

A razão é a faculdade principal pela qual somos capazes de vivermos de forma organizada, pactuada, sem agirmos de forma egoísta e violenta. Porém nos últimos anos experimentamos uma volta a vida que de certa forma nega a razão. Como você percebe a nossa sociedade? racional ou passional?

4. ATIVIDADES

Produzir um texto sobre a Fé e a Razão. 30 linhas

Fazer uma pesquisa como algumas pessoas sobre suas vidas e o fator determinante se é a Razão ou a Paixão. Entregar na próxima aula.

 

(ARANHA, Maria Lúcia de A. e MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução a filosofia. 4. ed. São Paulo : Moderna, 2009. p.)

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