Páginas

segunda-feira, 9 de junho de 2014

CRÔNICAS DE MINHA INFÂNCIA – SÃO JOÃO I



                               Ainda lembro o cheiro do milho na brasa, do calor do fogão a lenha e da canjica que minha mãe faz que para mim é a melhor canjica do mundo. Lembro do meu pai indo ao mato para cortar um galho de maunzê para fazermos a árvore de São João. Esta árvore era um símbolo de fé. A chuva fina caindo, um frio nordestino e um vontade de mergulhar embaixo de uma coberta. Lembro do cheiro do milho cozido. Do mungunzá que minha mãe pilava no pilão, com um esforço tremendo, pilão que fizemos juntos em um pedaço de arvore velha caída.
Lembro do bolo de milho. Lembro da pamonha doce e de sal. Lembro do estalar dos primeiros pedaços de lenha sendo aceso e lembro do meu pai dizendo, “Não mexe no fogo para não se queimar”. E com caixas de cobrinhas, bombinhas alguns amigos chegava com um pacote de Bombril para espetarmos em uma vara e girarmos até aquelas faíscas acabassem todas.
Lembro da batata assada na brasa. Lembro dos vizinhos chegando e dizendo vim só passar, pois vou na fogueira de fulano de tal, e todos íamos fazendo este encontro e este desencontro no dia da festa de São Joao. Lembro dos vizinhos falando dos “crentes” que não fazia fogueira, porque eles diziam que celebrávamos a morte de São João. E os mais velho dizendo que era o fim dos tempos.

Lembro da hora que íamos dormir, com um sensação de dever cumprido. De festa realizada. Lembro que a festa de São Joao marcava o fim da colheita de feijão. No outro dia para nós crianças era alegria de não ter que ir para a roça colher feijão, para a família uma oportunidade de ter um dinheirinho para com algum bem.

Um comentário:

  1. Cara, essa história parece com a minha fiquei ate lembrando aqui 😥😥 O Tempo Bom!!

    ResponderExcluir